Léo Áquilla defende articulação cultural
Lígia Ligabue
Em plena campanha para uma vaga na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), Léo Áquilla (PTB), um dos transformistas mais conhecidos do Brasil, não defende somente o combate ao preconceito e políticas públicas de inclusão para a comunidade GLBT. Para ele, a transformação maior deveria vir pela educação e cultura. Ele defende a mobilização da classe artística e a regionalização de projetos culturais. Ontem, o candidato esteve no espaço Café com Política, do Jornal da Cidade, revelando seus projetos para a Assembleia.
Léo Áquilla, que atualmente conclui pós-graduação em política, observa que ao longo dos anos governantes têm se beneficiado pela educação precária no País e a falta de disseminação cultura. “Esse problema é de longa data. A gente aprendeu em 1800 e reviu essa lição em 1930 com (Adolf) Hitler, que dar cultura e educação para um povo é um mal que o governante faria. Quem conhece e tem cultura contesta”, observa. “E me parece que os governantes brasileiros gostaram dessa lição”, critica.
Questionado sobre o esvaziamento de articulação das oficinas culturais regionais mantidas pelo governo do Estado - em Bauru, a Oficina Regional Cultural Glauco Pinto de Moraes desenvolve agendas semestrais na cidade e região - Léo Áquilla observou que a falta de conscientização da população contribui para a falta de políticas públicas na área. “Tem que cortar o cordão umbilical com prefeitura e Governo e se mobilizar. Criar os seus conceitos culturais, participar, estimular as oficinas”, pontua.
Porém, ele avalia que mesmo a classe artística não forma um movimento coeso. ”Falta conscientização do artista enquanto grupo. E o meu projeto vai começar pela classe artística. É preciso conscientizá-los de que a articulação é necessária. Sei que é clichê, mas unidos venceremos. Se a gente se unir, conseguiremos reverter problemas. Tem que se articular para conseguir espaço”, observa.
Uma de suas propostas é investir em eixos culturais fora da Grande São Paulo. “Quero trazer o que tem de bom e funciona de cultura na Capital para o Brasil inteiro”, adianta. Porém, um dos projetos de maior repercussão da Secretaria de Cultura do Estado, a Virada Cultural, é criticada pelo candidato. “A Virada é excelente, poderia ser em todas as cidades. Mas vou lutar pela diversidade no evento”, observa.
Para ele, a falta de representatividade da comunidade GLBT também é visível em eventos como esse. “Vejo por exemplo em eventos culturais mais fortes afirmar estarem contemplando todos os povos. Mas não vejo os gays trabalhando, se sobressaindo, fazendo seus shows na Virada Cultural, por exemplo. Eu sou considerada a maior transformista do Brasil e por acaso alguém já me ligou e convidou a participar da virada? Então onde está essa biodiversidade?. O mundo é diverso e isso tem que ser respeitado. Vou e assisto, mas não me sinto contemplado”, observa.
Confiante em seu desempenho nas urnas, ele já traçou seus planos, que seguem até o Palácio do Planalto. Ao comparar a campanha anterior, onde conquistou 22 mil votos, ele se vê mais maduro politicamente. “Sou outra pessoa em todos os sentidos. Lá eu desejava ser um simples deputado estadual, agora quero ser presidente da República. Mas quero cumprir todas as etapas, então vou começar como deputado estadual”, afirma.
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